ÚNICA CHANCE DE LÚCIA VÂNIA É REAGIR AGORA
Não existe ninguém tomado de mais angústia na campanha majoritária do PSDB que a senadora Lúcia Vânia. Ela se considera dona de uma carreira limpa – e, de fato, apesar da sua convivência com a cúpula do Tempo Novo, nunca se envolveu em nenhum dos escândalos que abalaram os últimos 20 anos de poder do grupo tucano em Goiás. Agora, Lúcia se julga a grande prejudicada pelos últimos acontecimentos policiais, mesmo porque já percebeu que o esforço final da base governista está sendo para salvar Marconi e não dá a ela nenhuma atenção. Não à toa, Lúcia Vânia sumiu de circulação, preparando, segundo se comenta, um pronunciamento duríssimo, neste início de semana, para tentar desvincular sua quadrilha da “quadrilha” denunciada pela Polícia Federal na Cash Delivery. Pela televisão.
VITTI DEFENDE CAMPANHA FINAL LONGE DE MARCONI
O presidente da Assembleia e candidato a 1º suplente de Lúcia Vânia é um político 100% pragmático: ele procurou a senadora para reafirmar que ela já passou de hora de descolar a sua campanha da de Zé Eliton, que ele vê como enterrada, e para sugerir que, nesta última semana, Lúcia utilize seus programas no rádio e na televisão para deixar claro que a sua é biografia limpa e não tem compromisso com a corrupção. Em resumo, Vitti propôs que seja feito um comparativo entre a honestidade da candidata e a situação policial do seu companheiro de chapa.
PRISÃO PREVENTIVA PARA RINCÓN ESTÁ NO FORNO
O Ministério Público Federal vai pedir a prorrogação da prisão temporária de Jayme Rincón e do seu filho Rodrigo, além dos outros três detidos na Operação Cash Delivery. Mais: em seguida, os procuradores devem requerer à Justiça Federal a conversão da medida em prisão preventiva, em razão do novo campo de investigação que se abriu com os quase R$ 1 milhão de reais encontrados na casa de um motorista de Rincón. Que dinheiro é esse, de onde veio e para o quê seria destinado é o que se quer esclarecer. O presidente licenciado da Agetop (não foi demitido até hoje pelo governador Zé Eliton) corre o risco de amargar uma longa temporada na cadeia.
RISCO DE DELAÇÃO PREMIADA É ELEVADO
A operação da Polícia Federal que prendeu Jayme Rincón é derivada da Lava Jato, que tem expertise em delações premiadas e já colocou na cadeia até um ex-presidente da República. Não se trata de uma investigação comum ou, digamos assim, de cadência normal, mas, antes, uma apuração marcada por elevada qualificação técnica e apuro processual. Tanto que o filho de Jayme Rincón foi preso, ação clara para fragilizá-lo e torná-lo predisposto a contar pelo menos um pouco do que sabe ou até a partir para algum tipo de colaboração, em troca de algum alívio. O risco para o ex-governador Marconi Perillo não tem tamanho.
FORO PRIVILEGIADO NÃO LIVRA MARCONI
Na difícil e hoje quase impossível hipótese de vir a vencer a eleição, o ex-governador Marconi Perillo não ficaria livre do alcance da Operação Cash Delivery, que apura propinas pagas a ele em 2010 e 2014. É que, conforme emenda constitucional recentemente aprovada, o foro privilegiado para deputados federais e senadores só se aplica a situações contemporâneas ao mandato e não a delitos antigos. A persecução penal a Marconi, tocada pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal, seguiria ativa na 1ª instância da Justiça Federal, para onde o processo foi remetido desde que ele renunciou ao governo, em abril último, e de lá não vai sair.
NINGUÉM SOBREVIVE A PACOTES DE DINHEIRO VIVO
As imagens amplamente divulgadas pelos jornais e pela televisão, mostrando os pacotes de dinheiro vivo, parte acomodada em caixas à la Geddel Vieira Lima, estão produzindo um efeito devastador na campanha do PSDB. Neste início de semana, a pesquisa do Grupom, a ser publicada pelo Diário da Manhã, adiantará os efeitos negativos da pequena montanha de papel moeda apreendida na casa do motorista do presidente licenciado da Agetop, Jayme Rincón. Nos bastidores governistas, o que se procura entender é como um operador supostamente experimentado como Rincón caiu nessa fria.
INTERESSES PESSOAIS É QUE MOVEM OS HOMENS
Dizia Napoleão Bonaparte que homens são movidos pelos seus interesses pessoais. Entenda isso e fica fácil fazer política. Veja, leitor, o exemplo do tesoureiro de Marconi Perillo nas eleições de 2010 e 2014, Jayme Rincón. Rincón. Segundo as fartas provas da Operação Cash Delivery, ele se apropriou de R$ 178 mil reais das propinas da Odebrecht para a campanha do PSDB em Goiás e com o dinheiro comprou um carrão para o filho, à vista. É provável que Marconi só agora tenha sido informado dessa “travessura” financeira do presidente licenciado da Agetop. E não foi só. Por conta do estilo, digamos assim, extravagante de Rincón, sabe-se que houve mais desvios com os recursos da campanha.
NÃO TEM SEGREDO: DERROTA SERÁ TOTAL
Não existem fatores objetivos na sociedade capazes de justificar uma reação das candidaturas de Zé Eliton, Marconi Perillo e Lúcia Vânia capaz de levar pelo menos um deles a uma vitória domingo que vem. Ao contrário. Antes da Operação Cash Delivery, estava mais do que claro um cansaço dos três nomes, que já mostrava ser irreversível. Depois, pior ainda. A agenda (termo que Zé mais repete) policial matou a campanha tucana. A derrota será total e pior que a de Iris Rezende e do PMDB em 1998.
EM RESUMO