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BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

POLÍTICA

Coluna Momento Político - 01 De Março De 2023

01/03/2023 às 06h00


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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Vida e morte de dona Iris, a primeira-dama que está na origem dos programas sociais

 

Iris Araújo: goste-se dela ou não, foi quem mudou o papel de uma primeira-dama em Goiás

 

É costume em Goiás a santificação dos mortos. Foi assim com Maguito Vilela e com Iris Rezende, transformados em heróis da sociedade depois que passaram desta para uma melhor, a ponto de ter sido aprovada uma lei municipal autorizando o gasto de recursos públicos em um memorial em homenagem a Iris. É evidente exagero e mesmo uma ilegalidade. Mas, em Goiás, é esse o jeito.

A canonizada da vez é dona Iris Araújo. Este blog diria que ela merece mais, não somente uma convencional reverência pelo papel exercido na política e dentro do chavão de primeira-dama preocupada com os pobres. Dona Iris, de fato, foi além da função de consorte do governador – antes dela, todas no seu lugar apenas juntavam as esposas de secretários para bordar enxovais para bebês e promover chás culturais ou beneficentes. Até Lúcia Vânia seguiu essa sina, reinventando-se depois para se emancipar dessa subordinação e liderar por um tempo a vanguarda política das mulheres goianas, reconheça-se, com méritos de sobra a partir de então.

Dona Iris tinha língua de fogo. Encontrou nas redes sociais o caminho para dar vazão à sua franqueza natural e a uma certa agressividade, cujo alvo maior foi Marconi Perillo. Nunca se conformou com as derrotas do marido diante do tucano e usou palavras ácidas na tentativa de dar o troco. Um equívoco, quando deveria discutir políticas públicas, em especial as sociais. Nessa área, quando estava no poder, não foi tão longe quanto, por exemplo, uma Gracinha Caiado, disparadamente a primeira-dama com maior e mais intensa presença na formulação e implantação de programas destinados a amenizar a vida da população carente do Estado. Plantou as sementes, no entanto, e essa é a marca que ficou para a história.

Pode ter sido uma questão de época. Todos sabem que Iris sempre priorizou investimentos em infraestrutura, sua grande marca para a posteridade. Fez muito pouco pelos necessitados que habitavam Goiás nos seus governos, inclusive, recentemente, como prefeito de Goiânia. Não havia um único programa social, nenhum. Ainda assim, nos dois mandatos de Iris como governador, dona Iris fundou a Legionárias do Bem-Estar Social, precursora da hoje poderosa OVG comandada por Gracinha. Saiu dos convescotes entre madames para dar início ações massivas, embora sem maior abrangência. Fez isso, contudo. É o seu mérito, do qual, talvez, nem tivesse consciência, já que há anos e anos não falava no assunto.

O voo de pato da direita em Goiás: tem votos, mas não força

Jair Bolsonaro ganhou a eleição em Goiás, com 58% dos votos. Não é uma maioria acachapante. Mas ganhou. E ainda beneficiou figuras apagadas como Wilder Morais para o Senado e Gustavo Gayer para a Câmara Federal, este com um resultado espetacular. O candidato bolsonarista a governador, um desconhecido em terras goianas, faturou mais de 500 mil votos. Tudo isso deveria levar a uma conclusão: a direita estadual é sólida e tem futuro. Só que não é bem assim.

Números produzidos pelas urnas não se projetam obrigatoriamente na política. Esse é um fenômeno observado com facilidade no caso de celebridades do rádio e televisão detentoras de mandatos legislativos. Às vezes, atingem votações recordes. O que dizem e o que fazem na sequência, no entanto, não repercute e não tem importância. Está aí, para testar essa fatalidade, a deputada federal Silvye Alves, recordista de sufrágios em 2022. Se não mostrar serviço, ela não terá luz. Todos os perfis assemelhados anteriores a Silvye não chegaram a lugar nenhum (Sandes Jr., por exemplo) e nunca foram levados a sério.

Liderança política depende de inteligência, capacidade de articulação, contextualização e mais uma infinidade de fatores, entre os quais uma forte identificação com correntes de opinião. Não decorre automaticamente de uma eleição. Em Goiás, professores, funcionários públicos, médicos e políticos profissionais costumam desenvolver carreiras bem-sucedidas e ocupar postos decisivos de poder, enquanto comunicadores, cantores e outros artistas, digamos assim, não conseguem ir além do voo de pato. É mais o menos o que se passa com a direita em Goiás.

Primeiro, não é aceitável definir o Estado como bolsonarista: Lula alcançou aqui um índice de 42% (bastaria tirar 3% de Bolsonaro e haveria um empate). Segundo, o eventual desfecho favorável nas urnas ocorrido no ano passado, como dito nos parágrafos anteriores, não está se refletindo no palco da política, pela incapacidade e ausência de estofo dos nomes vitoriosos. E, por último, a direita que cresce e tende a se consolidar daqui para a frente é a civilizada, a democrática, não a estúpida ou a imbecilizada que momentaneamente esteve em alta com o ex-presidente hoje exilado na Flórida. Aliás, nem direita é, porém uma espécie de centro, na verdade, repleto de valores e de personagens qualificadas – e é daí, é possível prever, que sairá o vencedor da próxima eleição para prefeito de Goiânia.

Caso do(a) trans do PSDB: campanha como homem é fraude

 Especialista em Direito Eleitoral, o advogado Júlio Meirelles aponta diz que campanha como homem é prova de fraude

No máximo até o final deste semestre o TRE de Goiás julga o caso do homem supostamente trans registrado pelo PSDB como candidata na chapa para a  Assembleia Legislativa, em 2022, com o intuito de cumprir a cota mínima obrigatória para o gênero feminino. Sendo aceita a ação do Podemos e consideradas válidas as provas, aliás abundantes, de que Júnior Pinheiro foi inscrito como mulher, porém sem documentação válida (não tinha sequer certidão de nome social) e ainda por cima tendo feito a sua divulgação no masculino, os deputados Gustavo Sebba e Dr. José Machado perdem o mandato que já começaram a cumprir.

O detalhamento da campanha encetada por Júnior Vieira é crucial. Confiram, leitoras e leitores, a opinião certeira do experimentado do advogado eleitoralista Júlio Meirelles, um dos mais renomados do Estado:

“A ação judicial em questão demanda uma meticulosa análise dos fatos sob diversos aspectos. As cortes eleitorais ainda não têm jurisprudência consolidada sobre as particularidades que são apresentadas. Além dos parâmetros definidos pelo TSE para caracterização da fraude, penso ser também importante para o julgamento do caso a análise de como se comportou o(a) candidato(a) perante o eleitorado, se foi apresentado(a) e votado(a) como representante do sexo masculino ou feminino. Não se pode perder de vista que a norma visa diminuir a disparidade de gênero no cenário político eleitoral brasileiro”.

O básico, segundo Júlio Meirelles, está aí: “Como se comportou o(a) candidato(a) perante o eleitorado, se foi apresentado(a) e votado(a) como representante do sexo masculino ou feminino?”. Na petição inicial do Podemos, que postula o cancelamento do registro da chapa do PSDB à Assembleia, está fartamente demonstrado que a campanha de Júnior Pinheiro foi toda feita como homem. É inequívoco. A finalidade da cota de gênero não foi atendida. Até o jingle se refere a “ele”, da mesma forma que o material visual e as publicações nas redes sociais. É isso que caracteriza a fraude. Gustavo Sebba e Dr. José Machado podem colocar as barbas de molho.

Capag B é diploma que atesta a responsabilidade fiscal

Desde a sua instituição, o ranking da qualidade fiscal do Estados elaborado pelo Tesouro Nacional nunca havia conferido a Goiás uma nota como a obtida neste fim de ano pelo governador Ronaldo Caiado – a Capag B. Acima, lógico, existe a Capag A, mas é quase a mesma coisa, tanto que igualmente os dois níveis permitem o acesso a novos empréstimos com garantia da União.

A classificação atesta o desempenho espetacular de Caiado na reorganização das finanças estaduais, basicamente a conquista do equilíbrio entre receitas e despesas (que nunca existiu antes em governo algum). Depois de receber o Estado em situação de calamidade, com mais de duas folhas em aberto, com os consignados em atraso, mais de 4.600 fornecedores na fila para receber, formando uma dívida de curto prazo de R$ 6 bilhões e apenas R$ 11 milhões no caixa, o governador operou um milagre, simbolizado agora pela Capag B.

Não à toa, no site do Tesouro Nacional as notas C e D (Goiás estava a caminho dessa última quando Caiado assumiu) são grafadas em vermelho, enquanto as A e B aparecem em azul, cores óbvias cujo significado as leitoras e os leitores conhecem bem.