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BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

Política

Coluna Momento Político - 4 de janeiro de 2019

04/01/2019 às 07h00


POR BLOG DO JLB | José Luiz Bittencourt

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ÚLTIMA ENTREVISTA DE ZÉ ELITON ACABOU SEM AUTOCRÍTICA

Em sua última entrevista como governador do Estado, Zé Eliton previu que o PSDB deverá definhar em Goiás pelos próximos dois anos. Em tom professoral, deu conselhos aos que vão resistir dentro do partido para que cuidem da defesa do “legado” dele e de Marconi Perillo. Em momento algum, tocou no fracasso da sua candidatura à própria sucessão – teve apenas pouco mais de 13% dos votos e terminou em humilhante 3º lugar, atrás de Daniel Vilela, do PMDB, que fez uma campanha sem nenhuma estrutura. Em outras palavras, Zé não fez nenhuma autocrítica nem assumiu qualquer culpa ou responsabilidade pelo fim do Tempo Novo. Prudentemente, avisou que retornará à sua carreira de advogado e que não mais se envolverá com a política, a não ser que seja convocado. Mas quem haveria de chamar?

 

CANDIDATURA DE JOÃO CAMPOS NÃO É LEVADA A SÉRIO

O analista da política nacional Josias de Souza foi duro com o deputado federal João Campos em sua análise sobre a sucessão na presidência da Câmara dos Deputados. “A chance de Campos prevalecer sobre Rodrigo Maia é inexistente”, escreveu. E ainda jogou uma pá de cal sobre a candidatura do parlamentar goiano: “Pouca gente leva o projeto do pastor Campos a sério”. Pois é. Um detalhe importante: nem entre os 17 integrantes da bancada de Goiás há maioria de votos para ele. A preferência por Maia é escandalosa, mesmo porque ele sabe como agradar o seu eleitorado.

 

RFEFORMA ADMINISTRATIVA DE CAIADO NÃO É... REFORMA

Pelo menos nos termos em que foi anunciada até agora, a reforma administrativa do governador Ronaldo Caiado não é... reforma. Mal comparando, é como se o governo de Goiás fosse uma grande casa em que o novo dono derruba algumas paredes e levanta outras, mas permanecem intocados os alicerces e a estrutura. Os móveis e objetos  continuam os mesmos e só são mudados de lugar. Isso não é reforma, já que não toca no essencial, que é o mau funcionamento do Estado, a sobreposição de órgãos ou o fluxo administrativo emperrado. Caiado está fechando e criando secretarias, que, na prática, dão prosseguimento ao que já existiu, ou melhor, sempre existiu. Pode ser que, mais adiante, apareçam novidades.

 

DISCURSO DE TERRA ARRASADA É RECORRENTE

A maioria dos governadores que tomou posse neste começo de ano levantou a bandeira da herança de descalabro que estariam recebendo, a começar por Ronaldo Caiado, em Goiás. É um fato bem brasileiro que governantes eleitos em processos de ruptura com seus antecessores desenvolvam essa linha de discurso, que não deixa de servir de vacina para o início das suas gestões. Aqui no Estado, foi uma estratégia desenvolvida por Iris Rezende, em todos os seus mandatos (aliás, inclusive na prefeitura de Goiânia), pelo próprio Marconi Perillo, quando recebeu o governo do PMDB em 1998 e depois quando assumiu após a gestão de Alcides Rodrigues e agora de Caiado, como seria de se esperar.

 

PRIMEIRO E ÚLTIMO ATOS DO GOVERNO-TAMPÃO PEGARAM MAL

Como se recorda, o primeiro ato de Zé Eliton ao assumir o governo de Goiás, em abril de 2018, foi nomear Sérgio Cardoso, cunhado de Marconi Perillo, para o Tribunal de Contas dos Municípios. Pegou mal. Agora, a última ação do Zé como titular do Poder Executivo fechou com a mesma chave enferrujada a sua administração-tampão: apesar das dívidas em aberto em setores prioritários, como a Saúde, ordenou a transferência de R$ 11,6 milhões de reais da Secretaria da Fazenda para a obra de asfaltamento da rodovia GO-452, trecho Posse-Guarani, no nordeste goiano, aquela que passa pela sua fazenda. Ambos os gestos, o primeiro e esse agora, são miúdos e apequenam a imagem que o governador findante está deixando para a História. O assunto apareceu até nos discursos na solenidade de posse de Ronaldo Caiado na Assembleia.

 

SOLENIDADE DE POSSE FOI ENTERRO DO TEMPO NOVO

O Tempo Novo, invenção do ex-governador Marconi Perillo que mandou em Goiás durante exatos 20 anos, foi enterrado nesta terça-feira, 1º de janeiro, durante a solenidade de posse de Ronaldo Caiado no governo do Estado. E aparentemente partiu desta para uma melhor sem deixar saudades. Caiado e o deputado José Nelto, que falou em nome da situação, fizeram discursos duros, em que detalharam as estrepolias – para usar um termo ameno – das gestões de Marconi e a situação de descalabro administrativo e financeiro em que o Executivo está sendo entregue ao novo governador. Sempre debaixo das manifestações de apoio efusivos da plateia, que vaiou sem dó nem piedade o deputado Talles Barreto, do PSDB, que discursou como representante dos derrotados na última eleição.

 

EM RESUMO

  • O deputado federal Delegado Waldir não faz segredo e garante que novas operações policiais vão acontecer nos próximos dias em Goiás, acrescentando que os alvos serão os mesmos de sempre.

 

  • Ernesto Roller já entrou de corpo e alma na articulação com os deputados estaduais a favor da eleição de Álvaro Guimarães para a presidência da Assembleia. Vale lembrar que é experiente: já teve 3 mandatos na Casa.

 

  • Entrevistado na Assembleia, durante a posse de Ronaldo Caiado, o senador Wilder Morais foi citado como “político” por um jornalista. Ficou feliz: segundo ele mesmo, é a primeira vez que foi assim chamado.

 

  • O que restou do famoso e poderoso dispositivo de comunicação do ex-governador Marconi Perillo tentou no fim de ano vender imagem positiva das gestões do falecido Tempo Novo, mas ninguém deu importância.

 

  • Na posse de Caiado, José Nelto lembrou que Marconi Perillo é o primeiro e único governador de Goiás a ser preso, depois de 5 operações contra o tucano: Monte Carlo, Lava Jato, Decantação, Cash Delivery e Compadrio.

 

  • Já Talles Barreto criticou a importação de nomes de fora de Goiás para o secretariado do governador Ronaldo Caiado. “Antes, era o contrário, nós é que tínhamos talentos a oferecer a outros Estados””, alfinetou Talles.

 

  • O final melancólico do mandato do governador-tampão Zé Eliton teve, no entanto, um momento de dignidade: ele não fugiu da raia e enfrentou de cabeça erguida a cerimônia em que repassou o cargo a Ronaldo Caiado.

 

  • Os adeptos da candidatura de Álvaro Guimarães a presidente da Assembleia comemoraram a referência enfática que Ronaldo Caiado fez a ele, no discurso de posse. Consideraram como um sinal de preferência.

 

  • Em que pese as boas intenções de Ronaldo Caiado ao recriar a Secretaria da Agricultura, a medida é inócua para estimular o setor em Goiás, já que se trata de uma área da economia que só responde ao apoio federal.